O gosto pela aviação surgiu na década de 70, quando acompanhava, do solo, meu pai nos vôos de planador, eu ficava observando quando ele voava nos finais de semana, e depois ajudávamos a empurrar o planador, pela asa, até o hangar. Meu pai Miguel foi aluno do famoso Kovaks, na década de 70, no CTA de São José.
A inesquecível exposição aérea internacional no CTA, teve o Avro Vulcan, o imponente Galaxy, o Harrier pousando na vertical, e tantas outras aeronaves, uma feira internacional como pouco vimos no Brasil, em minha cidade natal, São José dos Campos, cidade de grande vocação na aviação, sede da Embraer.
Nascí na cidade da aviação. Lá cresci até 1974. A cidade começou a ficar grande demais para meus pais criarem os filhos, e meu pai, funcionário do Banco do Brasil, pediu transferência para Bragança, onde tínhamos parentes. O aeroclube de Bragança é um dos que mais forma pilotos no Brasil.
Não podia dar em outra coisa. Gosto de aviões. E muito mais, gosto de voar.
Meus primeiros vôos foram com o querido pai Miguel, em 1976
até 78. Eu ainda era um menino de 13 anos, quando pilotei pela primeira
vez sob a sua orientação, em Bragança.
Ele me ensinou a manter a proa, manter
nivelado e até me deixava fazer a aproximação. Aprendi a dar rajadas, para manter o motor aquecido, durante a descida de aproximação.
Eu já pedia para fazer o pouso, em Bragança.
Era o que me faltava... saber pousar.
A sensação de voar é algo que pega, na gente.
Quando retornei à cidade para pintar Igrejas, após 5 anos morando em Paris, onde estudei, e após 10 anos em Curitiba, onde iniciei minha carreira como artista plástico, finalmente fui estudar para obter meu brevet de piloto, incentivsado por alguns amigos comandantes, como o Célio Oliveira e Bruno Ferreira.
Tinha satisfação em contar ao meu pai cada peripécia, aprendizado, cada glissada e curva derrapada no ar, durante o tempo de minha formação.
Gostava de ver reacender o brilho nos olhos do meu caro Comandante Miguel, e tive a grande satisfação de levá-lo para um vôo em nossa linda região, desta vez, eu fazendo as tarefas de piloto, ele na confortável condição de passageiro.
Não é a toa que o vôo está presente em várias de minhas obras de pintura, sobretudo nas obras sacras, onde os anjos músicos (a música é outra atividade que gosto muito) se mostram muito presentes, como nas obras da Univap e de Sorocaba, entre muitas outras.
A maneira mais simples de sentir a leveza do vôo, era voar com o skate, uma das minhas paixões de adolescente.
A aviação me proporcionou momentos muito agradáveis, de realização, lindas paisagens, e um bom convívio com os colegas. Conheci alguns ídolos da acrobacia aérea e pude voar diferentes aeronaves.
Repensando minha vida, percebo que consegui acalmar os anseio de liberdade nos vôos dos aerials do skate, a busca de ascensão foi plenamente retratada nas pinturas sacras dos anjos, e encontrei a leveza do ar, nos vôos com diferentes aeronaves, que muita alegria me proporcionaram.
Em breve:
Meu amigo escritor, editor e piloto Franco Rovedo publicou matéria para a AERO em revista, sobre a grande satisfação que voar significa para mim.
Conto à seguir, um pouco dessa trajetória:
O instrutor Malengo, o "peixe" (PM-SP), dando hélice, na
pista ainda em terra, de Bragança.
Enquanto asfaltavam a pista de Bragança, aprendi
os primeiros pousos em Atibaia.
Em um treinamento de pouso de emergência em uma pista de ultraleve da represa, eu tomei a decisão de arremeter... tomei um pito do Malengo... mas é que eu via a cerca e a vaca crescendo, diante do avião...
Arremeter... para mim, antes cedo do que nunca...ou tarde demais...
Comandante é isto... saber tomar decisões em tempo hábil...
Voando como Piloto Privado.
Tudo começou, logicamente, em um bom
Paulistinha.
Algum tempo após, e mais alguns anos de treinamento no Flight-Simulator, algumas visitas ao aeroclube e o
insistente convite de meus amigos pilotos de Bragança (Cmte. Bruno
Vasco e Cmte. Célio de Oliveira), me levaram a começar meus estudos para
piloto privado. Primeiro pouso com o Malengo em Atibaia, solo liberado
pelo Lourenço, em Bragança, e checagem com o Bruno.
Meu pai Miguel ajudou no trote do primeiro vôo solo. Lama, risada e
churrasco. E depois foi meu
passageiro em meus primeiros vôos, eu até que caprichei no pouso, e o
elogio dele foi para mim uma confirmação de que eu já estava realmente
voando.
Foram tantos amigos incentivando, que eu até escrevi um extenso diário
de bordo, onde conto todos os meus vôos: O André Grabler me incentivou
com livros e informações. O Fernando Barreto (voando em Macau) me dava
dicas bacanas e contava suas aventuras. O Herman, o Lula (o piloto, não o Presidente) e outros
companheiros de aeroclube me incentivavam e faziam brilhar meus olhos,
em cada história que contavam, que eu ouvia atentamente.
Quem voa em Bragança, sabe que o PP-GUT é uma
delícia, muito bom
de pilotagem. É o preferido de muitos pilotos, novos e experientes.
Tem muito piloto comercial que sonha em ter um paulistinha. A gente
voava o GUT já naquela época, na pista de terra.
Fui aluno do Camps, do Tessarollo, do Jetter, do Bruno, do Lourenço, da
Angelita, e de muitos outros pilotos que hoje estão na aviação comercial. Cada piltoto me ensinou algo. Cada um com seu estilo.
Tive a chance de voar acrobacia aérea com o Cardoso, piloto que se acidentou fatalmente em atividade acrobática. Com ele fiz a manobra que o vitimou, meses antes: o estol com parafuso no dorso ... no avião treinador Decatlhon, uma manobra tão radical, que tive um pequeno desmaio na recuperação, por falta de oxigenação do cérebro, por excesso de força G, sem visão por alguns segundos, mas o pouso ficou comigo, logo após...esta manobra, sinceramente, eu não gostaria de repetir... uma vez na vida basta.
Depois desta manobra, fui para represa e me sentei durante uma hora, para olhar o horizonte parado... estável.
Quando você pilota um monomotor, às vezes se depara com um mono-posto.
Neste caso, para voar, não tem instrutor nem adaptação. É vôo solo, você
só pode contar com as instruções de outro piloto.
É dar motor, decolar,
voar e depois negociar o pouso. Foi uma aventura voar um J3-Kitten no
condomínio de Atibaia, e depois um Pober Pixie, lá em Itú.
Tive a chance
de voar um planador Grob em Floripa, um anfíbio Maule na represa de
Bragança, e outras aeronaves diferentes e até esdrúxulas...
Quando a gente é piloto monomotor terrestre, pode até
pilotar um caça da segunda guerra mundial !
O piloto Manu
(piloto comercial Francês, proprietário da aeronave) e eu decolamos de Toussu-le-Noble (aeródromo ao sudoeste de Paris) e tomamos a proa
(le cap) de Chartres, com algumas manobras acrobáticas sobre os
campos.
É uma aeronave muito pesada, não dá para brincar muito nas
reversões.
Foi um vôo memorável em 2002, quando estive revendo os
amigos em Paris, onde estudei.
Justo um dia antes de voltar para o Brasil,
foi a cereja em cima do bolo, um presente de meus caros amigos Pascal e
Aida, que, sabendo que eu havia tirado meu brevetde pilote no Brasil, me disseram que seu cunhado tinha um monomotor.
Ao
chegar no hangar, esperando um Cessna, me deparei com o motor radial
de 1.450 hps...
Eles souberam manter a surpresa até o último dia de minha
estadia.
Merci, les amis! J´ai pu apprecier les beaux paysages de la
jolie France, pays de mon adolescence!!!
O Robin é um monomotor treinador da Dassault, com belas asas, com o qual
sobrevoei um dos maiores canyons da Europa, les Gorges du Verdon, no sul
da França, na Provence.
Não tinha tempo de fazer de carro, então gastei
as minhas economias neste vôo, no aeródromo de Cuers, ao
lado do instrutor Serge, controlador (aposentado) de pousos em
porta-aviões e piloto especializado em pousos curtos em pistas de neve
em alta montanha.
A atmosfera estava batendo, sacudindo, não foi um vôo
confortável.
O tal do mistral é um vento que canaliza pelas montanhas do massif central e que sacode, esporadicamente, o sul da França.
Na foto ao lado, vemos um dos maiores canyons da Europa, o Gorges du Verdon (garganta do Rio Verdon), uma paisagem linda, um local de passeios e escaladas.
Sallaberry de Valleyfield, novembro de 1988, no Canadá, por do sol e neve.
Só pra ligar a aeronave, foi uma peripécia. Ver o por do sol com
Montreal ao fundo, uma beleza.
A fonia do instrutor em Francês, com
sotaque em Inglês, foi um esforço lingüístico, o pouso na pista com
neve, uma experiência de "deixa que eu ajudo a frear"...
Voando no Canadá. Noite de frio, pista com neve, perto de Montréal. 1988.
Preparando para a decolagem em treinamento de acrobacia aérea em Bragança.
Co-pilotando o Skyvan da Azul do Vento, em Amarais, Campinas, em vôo de homenagem ao Pedro.
Sentimento e emoção, ao lado dos amigos paraquedistas, em memória de meu querido irmão.
Voando para o Broa em formação com os pilotos de
Bragança. Vento de proa forte, aumentou o tempo de navegação... pouso com vento de través, uma aventura.
Um tal de levantar a asa, do aviãozinho querer ficar voando...
Tem aeronave que a gente só pilota por alguns minutos, a 800 km por hora, a
34,000 pés, em algum local do mundo, se for de extrema confiança dos
Comandantes.
Obrigado Comandantes. Inesquecível. Essa eu nem relato muito.
Se você for piloto comercial, pode pilotar uma destas. Meteorologia,
Teoria de vôo de alta performance, Regulamentos, Navegação, Motores a
jato, Vôo por instrumentos, etc...
Tem que encarar estudar tudo isto e
investir durante anos em aviação... pra chegar lá.
Quem ainda não é Piloto Comercial tem que contar com muita sorte, confiança e
amizade, para sair do jump- seat por alguns minutos.
Visita à cabine de um Boeing, agosto de 2007, rumo à Fortaleza (CE).
Em 2008, estava em curso de formação teórica para piloto comercial/IFR, prestei o exame, passei em 4 matérias do PC-IFR na Banca da Anac, mas, por problemas burocráticos da escola, o nosso exame foi cancelado... foram 5 meses de estudo por água abaixo... quem sabe tomo coragem para estudar tudo de novo...
O Simulador de Boeing 737-800 é
uma experiência fabulosa, vale a pena, para quem está estudando IFR.
Por de sol no Mar Egeu, 2008. Uma viagem linda. Peregrinação de Fé e arte na Grécia.
Chegando no México, vemos um vulcão... novembro de 2008.
A Cidade do México é um mar de luzes... enorme...
Visita à um simulador profissional do Boeing 737-800, para treinamento e formação de pilotos de linha aérea. Treinamento de vôo IFR, algumas panes e emergências.
Um agradecimento sincero à todos amigos pilotos, professores, instrutores e incentivadores, que souberam me trazer ensinamentos e que me proporcionaram alegrias, partilhando a arte de voar.
Turma do curso com o Comandante Denis Bianchini, que lecionou o FMC da PMDG para o Flight Simulator, realizando todas as etapas de um vôo por instrumentos, com a plotagem dos dados de vôo no computador de bordo do Boeing 737-800. Fevereiro de 2012.
Esta página é uma homenagem ao meu Pai Miguel, piloto privado, que me ensinou o gosto pela aviação, os tipos de nuvens, a liberdade de voar, desde os anos 70, nos tempos em que pilotava planadores com o Kovacks, no CTA, em São José dos Campos. Foi meu querido pai que me ensinou a voar aos 13 anos de idade, me instruindo as primeiras coordenações, rajadas, curvas e vôo nivelado.
Esse grande pai me ensinou, entre muitas outras coisas, a viver e a voar.
Grande amigo dos seus 7 filhos, sempre foi meu incentivador, apoiador.
Sem ele, eu não saberia bem o que é amar, viver plenamente, e não saberia voar.