As etapas da iconografia: confecção do levkas, técnicas de transferência do desenho, treinamento dos traços do iconógrafo, confecção do bólus e a douração, pintura em têmpera. Teologia da imagem e geometria aplicada.
Ícone de São Pedro, escrita pelo Monge Yácovos, no Mosteiro Dionisius, Monte Athos, Grécia, 2008.
O ícone é uma imagem sacra, que aplica teologia nas cores, formas,
símbolos e perspectiva. A utilização destas ferramentas na iconografia tradicional tem a
intenção de nos libertar da emotividade e nos levar até um encontro com
o sagrado.
Os ícones não retratam o mundo real, mas nos abrem a janela
do invisível, levando-nos à transcendência.
Enquanto a arte profana exprime freqüentemente a inquietude temporal, do
momento, e apresenta a brutalidade, covardia e agressão mundana, a arte
sacra manifesta, para os que a observam, os sentidos do eterno e do
imutável, nutrindo, com a beleza, a alma humana.
Um ícone é, portanto,
um espelho da alma. A arte da iconografia é uma forma de catequese, um método de ensino,
para todo tempo e lugar, que fala da beleza infinita de Deus, e sobre a
alegria interior.
A conduta de um iconógrafo é fruto de um longo aprendizado, que envolve conhecimentos de teologia da imagem, elementos de estética, técnicas específicas de preparação do suporte, pintura em têmpera, afresco e encaustica, douração, mas não se limita ao mundo material.
Trata-se também de uma postura pessoal: o hesicasmo, uma forma de oração constante que segue o ritmo da respiração, em busca do apaziguamento das paixões do mundo e o esquecimento do ego, para servir como instrumento de representação de um mundo Divino, superior. Iconografia é uma forma de pintura feita em oração.
Aula de iconografia com Helene Iankoff, do Atelier Saint Luc de Paris, em 2002.
A confecção de um ícone é uma verdadeira celebração litúrgica, cujos
passos não podem ser subvertidos.
INDICAÇÃO DE LEITURAS
Os verdadeiros iconógrafos praticam o hesicasmo, uma conduta espiritual que tem como princípios a oração constante (leia "Relatos de um peregrino russo"), o distanciamento do mundo (leia a Filocalia, frases dos grandes padres do deserto) e o abaixamento do ego.
Essas duas obras, acima citadas, juntamente com o Evangelho, inspiram todo iconógrafo e devem ser lidas e meditadas por todo artista sacro vocacionado.
Um ícone não é assinado. A prática da iconografia não é um espaço de culto ao ego de um artista, muito pelo contrário, a intenção de escrever um ícone, em oração constante, fazendo uma imagem aquiropita. O iconógrafo não passa de um instrumento de Deus, ao escrever um ícone.
Todos os procedimentos da iconografia
surgiram da prática, mas adquirem um significado teológico e simbólico
dentro da liturgia. A pintura de Ícones envolve uma mística própria.
O atelier de ícones é
considerado um local de oração, um espaço de vida interior. Um monge iconógrafo tem uma vida de jejum e de oração (em alguns mosteiros do Monte Athos, fazem 74 dias de jejum durante o ano), distancia-se do mundo, persigna-se antes e durante sua escritura,
Aula de iconografia no atelier Aghios Mandylion, em Sao Paulo, 2003.
Conheça o curso on-line de iconografia, que você pode cursar em sua residência, comunidade ou atelier, através da internet. Veja como é formatado o curso, visitando uma página: história da iconografia.
O autor deste curso iniciou suas pesquisas em iconografia visitando diversas Igrejas da Grécia, em 1981. De volta à Paris, estudou afrescos, têmpera e especializou-se nas demais Técnicas de Pintura na École Nationale Supérieure des Beaux Arts, entre 1981 e 1986.
Após ter executado pinturas sacras de algumas Igrejas no Brasil, aprofundou seus estudos em iconografia bizantina com a iconógrafa Hélène Iankoff, do renomado e tradicional Atelier d´iconographie Saint-Luc de Paris em 2002, e organizou cursos e exposições de iconografia no Brasil.
Alessandro Sabella entrevista Sérgio Prata, sobre sua viagem ao Monte Athos, Grécia.
Em 2008, visitou dezenas de mosteiros da Grécia, em sua pesquisa técnica e iconográfica, em Meteora, Atenas, e no Monte Athos, com monges iconógrafos, artistas sacros e restauradores de arte Bizantina.
Com a colaboração da teóloga e iconógrafa Hélène Iankoff, do Padre e iconógrafo Marcelo Bertani (Dimitri) e da Irmã Cida Labinas, e com os mais recentes conhecimentos trazidos pela Monja Rebeca, Sérgio Prata formatou um curso que colabora com a iniciação em iconografia, abordando um vasto e essencial conteúdo de teologia das images, técnicas e procedimentos, cujo sumário você pode ver na coluna ao lado.
A iconógrafa Monja Rebeca, cujos conhecimentos também descendem da Escola de Iconografia de Paris (atelier Saint Luc, do Bispo Jean de Saint Denis e de Hélène Iankoof), com formação na Grécia (escola Calcídica) e grande experiência nos países de leste, passa também a colaborar com informações de grande qualidade que compõem este curso.