Desde o século IV, no período
pré-iconoclasta, o Cristo é representado como soberano, sentado sobre um
trono, à maneira de um imperador Romano, exemplo de soberano, neste período.
Nos sarcófagos desta época, esta representação era conhecida como Cristo
Cosmocrator (criador do cosmos).
Poucas diferenças existem entre este tipo
de representação e a representação medieval Bizantina do Cristo Pantocrator
(Pan Creator = Criador de todas as coisas). O mesmo tipo de majestade, com
cabelos longos e beleza grave é encontrado em ambas representações. Seu trono
com encosto e apoio dos braços é igual. Este é o monarca celeste.
Seu rosto é inspirado no mandylion (tecido sobre o qual foi impresso o rosto do
Cristo). Trata-se da Vera ícona (verdadeira imagem), e alguns iconógrafos
ortodoxos atribuem o nome de Verônica à este fato.
Vista da abside após a pintura do
Pantocrator em Sorocaba, de Sérgio Prata.
Pintando o Pantocrator
da Catedral Metropolitana de Sorocaba. 2007.
No entanto, a evolução da representação
do Pantocrator se percebe na representação de uma face com bochechas fortes,
barba larga e cabelos longos, fórmula que evoca o Pai e o Filho, lembrando o
texto célebre de São João, que cita as palavras de Cristo: "Aquele que
me vê, vê também meu Pai".
São Paulo vê em Cristo a "imagem do
Deus invisível".
A maior parte das Igrejas
Ortodoxas possuem esta representação do Cristo, seja em suas absides,
cúpulas ou frontões de porta. A Igreja Católica vem adotando esta
representação clássica e hierática do Cristo, reconhecendo a nobreza da
tradição cristã.
Em um ícone, assim como
em um painel mural de um Cristo Pantocrator, se coloca o nome do
representado, visto ao lado do esplendor de ouro. (IC XC), com um til em
cima, símbolo da abreviação
tradicional de Iesus Cristus.
O alfa e o ômega, primeira e última letra do alfabeto grego são uma
alusão à frase do evangelho que descreve que Cristo é o início e o fim
de tudo.
As cores possuem, cada uma, sua simbologia. Na iconografia tradicional, o
iconógrafo recusa a utilização de efeitos de ilusão de ótica (trompe
l´oeil), assim como evita a representação com modelagem tridimensional,
pois o que se procura representar não está sob as leis da perspectiva
deste mundo, nem é iluminado pela luz deste mundo.
Prata pintando o Pantocrator da
Igreja Santa Terezinha, em Bragança Paulista, 1996.
O AZUL
O azul do fundo, frequentemente profundo, serve como pano de fundo para as
estrelas do universo, sobre o qual o Cristo aparece como luz reveladora. Cor
celeste por excelência, sua profundidade lembra a interiorização
espiritual, sobre a qual paira a luz. O azul tem um caráter introvertido e
discreto, sugerindo a humildade silenciosa.
Cor espiritual, era utilizada como símbolo da imortalidade pelos chineses,
e da verdade pelos Egípcios, quando o grande sacerdote utilizava uma safira
e celebrava ofícios vestido de azul, cor com ligação divina.
Pintando o Pantocrator de
Mairiporã. 1998.
O FUNDO DOURADO
O fundo em ouro, material mais nobre da natureza, representa a luz pura, ao
contrário dos pigmentos que refletem a luz do ambiente, o ouro rebate a luz
de maneira única, representando o imutável, o ambiente divino onde se
desenvolve a cena. O ouro é o tom da luz solar na iconografia, a luz mais
forte de todas.
Pantocrator da Univap, em São José dos Campos,
inspirado no tímpano de Vezelay, da França,
ladeado
pelos pássaros da mata atlântica (inspirados nas ilustrações de Frederico
Lencioni) encontrados na região do Vale do
Paraíba. 2003.
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