A primeira colecionadora a me pedir pinturas abstratas foi Célia Marques (esposa e mãe de pilotos), na década de 90, em Curitiba. Célia praticamente me desafiou, e eu respondi à ela que faria com o "pé esquerdo".
De fato, para quem estuda técnicas de pintura há décadas, a pintura abstrata torna-se um exercício prazeiroso, com um grau de dificuldade diferente em relação à pintura figurativa.
Lembrei-me das obras de Manabu Mabe, que conheci no Grand Palais, enquanto era estudante, em uma exposição internacional. O bom gosto no momento da execução das texturas e cores é um dos fatores que mais exigem concentração, o gesto correto, na quantidade correta, no local ideal, sem excessos ...
O conhecimento dos materiais e técnicas é um fator positivo, que colabora nas escolhas, a capacidade de estancar a absorção da tela, os diferentes materiais, com rebatimentos de cores e aspectos picturais diferentes, permitem obter uma variedade de resultados que não deixar a tela uníssona. Em um local, rebatimento plástico, em outro, absorção de pigmentos e luz, com aspecto ceroso.
Desde então, esporadicamente, me dedico a pintar telas com textura, reverberação, força gestual e algumas sutilezas como colagens, transparências e marouflagens. Por vezes, surgem figuras humanas.
Com resinas e técnicas mistas, incorporando a encáustica a frio (cera saponificada e emulsionada), pigmentos e tintas acrílicas, na técnica de frotis e da veladura, conseguimos efeitos sutís.