Todos os pretos
absorvem muito aglutinante. Misturados ou puros, criam facilmente
espessuras. As misturas com os pigmentos contendo cádmio não são
estáveis.
Lembram o luto, a tristeza, a obscuridade.
Existem pretos de
diversas tendências cromáticas, o Preto Quente, com tendência para o
vermelho e o Preto Frio, com tendência para o azul.
PRETO DE MARTE - FeO
- Óxido de ferro (II)
Mineral natural, o
Fe3O4 (magnetita) é magnético, podemos pegá-lo com um imã. Fabricação:
solução de sulfato precipitado com carbonato de sódio, com posterior
calcinação. Bem controlado pela Bayer. Textura grosseira, estável à luz
e todos os médiuns, 50 a 60% de absorção de óleo. Transparente como o
Negro de Marfim. Secatividade média, pode ser trabalhado na cal
(afresco) e no cimento. Inconveniência: extremamente duro, difícil de
macerar, quase inalterável. Resistência total, compatibilidade geral.
Conhecido desde a antiguidade.
PRETO DE MARFIM -
calcinação de aparas de marfim.
Calcinação do marfim
ou de ossos animais de toda natureza, o que provoca tonalidades
diferentes. Contêm carbono, fosfato, carbonato, fluoreto. Quando possui
grãos grossos, exibe tendência para o amarelo ou vermelho. Quando possui
grãos finos, tendência para o azul. Resistente à luz, compatível com
todas as colas e pigmentos. Poder de coloração e cobertura fortes.
Pode-se fazer glacis sobre douração. Surgiu no séc IV a.C.. É o mais
secativo de todos os pretos. Puro, intenso, utilizado em todas as
técnicas, inclusive no afresco. Devido ao alto custo do marfim, este foi
substituído por ossos, o que não produz preto da mesma qualidade.
Misturado com os brancos, cria tons nacarados. Descora alguns pigmentos
orgânicos, absorvendo-os.
PRETO DE OSSO
Origem animal,
resistente à luz, compatível com todos os pigmentos e aglutinantes,
exceto no afresco (cal). Cria fluorescência sobre o gesso fresco. Não
possui grande poder de cobertura, não é bom para veladuras (glacis),
longa secagem devido a impurezas (grafite), perde em qualidade para o
Preto de Marfim (Noir d’Ivoire). Misturado com os brancos, cria tons
cinza-amarronzados.
PRETO DE VINHA -
Carbono.
Obtido pela combustão
dos sarmentos da vinha, brotos e hastes da videira, ou cascas de nozes.
Contêm carbono puro e impurezas minerais, como o carbonato de potássio,
que atrapalha a pintura. Surgiu na época romana e foi utilizado até o
século XVII. Natural, de origem vegetal. Estável. Mistura-se
dificilmente, devido ao seu leve peso específico. Para molhá-lo,
utilizar álcool. Misturado com os brancos, cria tons azulados.
Resistente à luz, compatível com todos os pigmentos e aglutinantes,
inclusive no afresco. Solúvel na água, possui poder de cobertura, pouco
secativo, bom pigmento, porém, raramente utilizado.
NEGRO DE FUMO OU DE
LÂMPADA Combustão de
hidrocarbonetos, gases naturais do petróleo ou fuligem obtida da lâmpada
a óleo. Contém carbono puro e componentes do óleo. Textura muito leve,
pó fino, estável à luz, difícil de molhar, tratar com álcool. Não deve
ser utilizado na pintura, devido ao seu alto poder de cobertura, pois
mascara as camadas inferiores. Opaco. Usado para a tinta nanquim. Não é
afetado por ácidos, gases ou alcalinos. Compatível com todas as
técnicas. Conhecido desde a antiguidade. Apresenta reflexos azulados e
tendência a fungos.
PRETO DE MADEIRA OU
DE CARVÃO Combustão parcial de
vegetais feita em atmosfera pouco oxidante. Carbono vegetal. Dá origem
ao carvão utilizado para desenho, conhecido por Fusain. Mais antigo
pigmento preto conhecido, mencionado por Plínio, em História Natural.
Quantidade muito grande de cinzas, sais de potássio. Durante a
combustão, a madeira libera ácido acético e fenol. Apresenta pouca
profundidade, levemente opaco e azulado, resistente no afresco.
Resistente e compatível com todas as técnicas. O carvão obtido a partir
da combustão do carvalho, é o mais indicado para o afresco.
PRETO MANGANÊS MnO2 Dióxido de
manganês, Pirolusita, mineral natural obtido nos Montes Urais, no
Marrocos. Surgiu em 1920. Estável com todos os pigmentos e aglutinantes.
Mistura-se dificilmente nas técnicas à base de água, com absorção de
30%. É mais forte e real que todos os pretos, muito secativo, secativo
demais para o óleo. Na cola e na caseína, apresentam tendência cinza.
Pouco tóxico.
GRAFITE - forma
alotrópica cristalina do carbono.
Natural mineral,
contém C e SiO2 (óxido de silício). É conhecido desde a antiguidade,
cinza escuro e opaco, untuoso ao tato e insolúvel em solventes comuns.
Não é aconselhável no óleo, pois seca superficialmente e mantêm-se úmido
nas camadas inferiores. Quando misturado com a argila, forma o Crayon
Grafite.