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Pigmentos vermelhos

O vermelho chama para si toda a atenção, quando inserido em uma obra, pois possui muita força de coloração. Causa espanto e surpreende. É universalmente utilizado para representar sinais de perigo. É estimulante e excitante. Ligado à vitalidade, ação, prazer, calor. Aumenta o batimento cardíaco; por este motivo, nunca é empregado em pílulas para cardíacos.

Cria tensão muscular, estimula a pressão arterial, a respiração, o apetite, os sentidos. É um apelo ao sentimento, ao romance, à alegria, é associado a datas de fervor patriótico ou religioso (Natal). No seu aspecto inferior, representa o ódio, crueldade, tortura, destruição, aversão.

É uma cor ativa e positiva que, quando ao lado do azul, produz uma dissonância, tornando-se inquietante. É encontrado na terra, com tendência para o amarelo; na natureza, o encontramos na brasa, nos pássaros, no sangue, no pôr-do-sol, nas frutas e flores, sempre associados ao complementar verde.

Existem 32 vermelhos corantes (não pigmentos) e 201 vermelhos classificados. Até o século XVIII, eram utilizados somente os seguintes vermelhos: Vermelho Terra, Vermelho Ocre, Terra de Siena Queimada, Vermelho de Veneza, Limonita e Hematita, nas grutas de Lascaux. (18.000 a.C.). Os vermelhos mais aconselhados são os de Cádmio, Marte e Molibdênio.

vermelhoO REALGAR é um mineral raro, encontrado na Hungria, România, e na Suissa.

É encontrado freqüentemente com o ouropigmento, e é conhecido como ouropigmento vermelho. Pode ser produzido artificialmente. Vitrúvio foi o primeiro a utilizar o termo Sandaraca, em latin, que designa o pigmento feito de realgar.

É conhecido desde o novo império (1580-1085 a.C) no Egito, mas pouco utilizado. Conhecido pelos médicos da Babilônia. Identificado em objetos gregos do séc. II a.C. Encontrado em Pompéia. É um bi-sulfuro de arsênico (As2S2). Contém 70,08 % de arsênico e 29,92 % de enxofre.

VERMELHO DE MARTE (da Prússia, Índio, ou da Inglaterra)
Precipitação de sais de ferro solúveis (Sulfato de ferro e de alumínio) por um hidróxido. Muito duro, fino, homogêneo e resistente à luz. Compatível com todos os pigmentos. Preparação artificial, de coloração púrpura (marrom violáceo). Contém 95% de hematita. Dificilmente encontrado.

OCRE VERMELHO (Veneza, Índia, Toscano)
Mineral natural, óxido de ferro (Fe2O3). Contém 25% de argila e silício, 75% de ferro. Estável à luz, compatível com todos os pigmentos, caseína, têmpera e cal ( no afresco, os tons de terra; óxidos de ferro, são as cores mais estáveis.). Absorve 30 a 60% de óleo, onde apresenta efeito secativo. Poder colorante forte nas variedades que contêm muito óxido de ferro. Existem Ocres Vermelhos onde o óxido de ferro vem misturado com diferentes taxas de argila. Poder de cobertura muito bom. É opaco, mas permite transparências. Usado na antiguidade com o nome de Sinópia.

OCRE QUEIMADO
Mineral natural, calcinado artificialmente, óxido de ferro. Contém impurezas naturais. Situa-se entre o Vermelho Ocre e a Terra de Siena. Estável, compatível com todos os pigmentos. O poder colorante depende da taxa de Fe2 O3. Poder de cobertura bom, devido ao índice de refração elevado do óxido de ferro. Transparência média.

VERMELHO DE VENEZA
Contém óxido de ferro muito fino, estável, muito bom poder de cobertura, estável à luz, não muito transparente. A composição atual contém sulfato ferroso e carbonato de cálcio.

fotoVERMELHO CÁDMIO (Vermelho Selênio)
Descoberto por Stromeyer em 1818 e conhecido como pigmento a partir de 1910. Sintético inorgânico. Precipitação do sulfato de cádmio com sulfeto de sódio e selênio. Sulfoseleneto de cádmio (Cd2SSe). Pela alteração nas proporções de enxofre e selênio e condições da precipitação, os tons variam do vermelho ao castanho escuro. O cádmio é um metal caro e tóxico, sujeito à falsificação pelo sulfeto de mercúrio, devido ao seu alto custo. A grossura do grão é selecionada. Sensível à luz ultra-violeta. Existem Vermelho Cádmio claro e escuro. Pode substituir o Vermillon, que escurece. É estável à luz e instável à atmosfera. Compatível com todos os pigmentos, exceto os que contêm cobre. Compatível com todos os aglutinantes, exceto a cal, onde perde sua cor, tornando-se transparente. Poder colorante bom, cobertura forte. Não possui efeito secativo. Absorve 40% de óleo. Existem “cádmios” de imitação, na realidade, sendo colorantes azóicos, que dão bons resultados na pintura.


VERMELHO DE CÁDMIO LITOPÔNIO
É o mais moderno dos “cádmios”, composto de uma mistura de cádmio sulfo-silicato, co-precipitado com sulfato de bário.

Aparência semelhante ao cádmio normal. Resistente em condições normais, sendo utilizado comercialmente a partir de 1926.

 

VERMILLON (Vermelhão Francês, Inglês ou Chinês)
Sob o nome de Vermillon, são vendidos diversos produtos, devido à falta de legislação, porém, o original seria o pigmento conhecido como Cinábrio. Encontrado na China, México, Alemanha, Áustria, Estados Unidos, Egito e Peru. Conhecido dos gregos e romanos (miltos, minium).

O melhor pigmento vem da China, onde é muito apreciado. O artificial era produzido desde a Idade Média. Sulfeto de mercúrio (HgS), obtido por via úmida ou via seca, onde temos 84 partes de mercúrio e 16 partes de enxofre misturados (mineral etíope) submetidos a um processo de sublimação, após o quê, tratados com hidróxidos, a quente, para remover o enxofre livre e lavado para produzir um pigmento mais puro e brilhante. Possui aspecto mais claro e fino do que o Cinábrio Natural. Segundo a moagem, conseguimos tons mais claros e mais escuros.

Quanto mais moagem, mais escuro o pigmento. Torna-se negro à luz, segundo Plínio (séc.  I a.C.). Colorante forte, sem transparência, deve ser protegido da luz com camada de verniz Dammar na pintura a óleo, tornando mais brando seu escurecimento. Não é compatível com o Branco de Prata (Chumbo-Cerusa), devido à presença do enxofre. Na pintura mural à base de têmpera de cola, pode tornar-se preto. Devido a esse perigo, devemos colocá-lo de lado. É substituído pela variada gama de cores dos Vermelhos de Cádmio e suas imitações. É caro, podendo ser falsificado pelo Vermelho de Cromo.

fotoCINÁBRIO NATURAL
Pigmento natural cristalino, irregular, contém impurezas. Sulfeto de mercúrio, descoberto pelos chineses. É o mais antigo pigmento sintético. Obtido pelo procedimento seco. Mercúrio + Enxofre = Mercúrio Negro que, uma vez esquentada a massa negra com o aumento da pressão, faz-se a sublimação (passagem do estado sólido para o gasoso, sem passar pelo estado líquido intermediário). Encontramos Cinábrios que vão do claro ao opaco. Tem grande poder de cobertura. Existem relatos de sua existência no séc. III a.C. na Ásia e IV a.C. na Grécia.

Tóxico devido à presença do mercúrio, suas partículas ou vapores são absorvidos pelas vias respiratórias e através da pele. Chega ao sangue e se deposita no tecido renal, fígado, pulmão, coração, baço, intestino e sistema nervoso central.

VERMELHO MOLIBDÊNIO
Composto de cromato, sulfato e molibdato de chumbo. Utilizado a partir de 1950. Pigmento de aspecto muito bonito, alaranjado, poder colorante e cobertura muito bons. Menos caro que o Cádmio, porém, pouco aconselhado, pois pode escurecer com o ácido sulfídrico (sulfeto de hidrogênio) da atmosfera.

 

 

VERMELHO PERMANENTE
É um azóico também conhecido por toluidina. Pigmento orgânico, recente, finamente dividido. Imitação do Cádmio e do Vermillon. Certas marcas, estáveis à luz. Compatível com todos os pigmentos e aglutinantes, exceto cal e silicato. Absorve 55 a 60 % de óleo. Poder colorante forte e cobertura boa. Mais transparente que o Vermillon.

VERMELHO MÍNIO (de chumbo)
É um Vermelho de Chumbo, óxido de chumbo (Pb3O4). Produzido por via úmida. Aquecimento do Litargírio ou Branco de Chumbo a 48 graus durante algumas horas, segundo Rescala. Instável, brilhante. Cobertura e colorante forte.

Não é transparente. Torna-se marrom no óleo, devido ao meio ácido (formação do dióxido de chumbo) e verde no afresco, incompatível na têmpera e aquarela. Não deve ser utilizado com pigmentos que contêm o enxofre: Amarelo e Vermelho de Cádmio, por exemplo. Tem tonalidades que vão do laranja até o amarelado. Torna-se espesso, quando misturado ao óleo. Alto poder antioxidante. Do mínio, vem a palavra miniatura. Utilizado pela primeira vez pelos fenícios, na Antiguidade. Largamente utilizado na Idade Média, descrito por Plínio como “secundarium minium”. Reage com os gases sulfurosos contidos na atmosfera.

LACA DE GARÂNCIO
Alizarina Natural C14H8O4 e purpurina C14H8O5, proveniente da raiz de uma planta, chamada mader ou garâncio (Rubia Tinctorium), cultivada na Europa (Itália e Provença, na França) e Chipre, conhecida desde os tempos antigos. Extraída da raiz de uma planta chamada Rhynchanthera serrulata, vulgarmente conhecida por “ruiva”, no Brasil. Compatível com todos os pigmentos. Colorante forte, Cobertura fraca com o óleo. Transparência excelente, quase que só utilizado em veladuras. Brilhante. Contém outros colorantes, púrpura, amarelo, verde e marrom. Mais estável do que a Alizarina. Descolore em presença de Terras Naturais e com o carbonato de chumbo. Resiste às Terras Queimadas. Desenvolve fungos, se não trabalhado com anti-séptico no aglutinante. Usado no óleo, têmpera e aquarela. Tem tendência cromática rosada.

ALIZARINA (garâncio sintético)
Alizarina C14H8O4. Não é um pigmento, mas um colorante. Anilina sintetizada por cientistas alemães , C. Graebe e C. Liebermann em 1868, o que fez cair o preço da Alizarina Natural. Estável à luz, brilhante. Utilizado para todas as técnicas, permitindo boas transparências, guardando sua intensidade.

É hidrófobo, necessitando de bastante aglutinante. Sintético, composto por ácido acético + antraquinona + clorato de potássio, segundo Mr. Petit. Existem diversas tonalidades de Alizarina: azul, carmim, laranja e laca. Clareia em contato com cores quimicamente preparadas. Quando associado ao branco, produz belas tonalidades de rosa.

 

 

Acima: produção do carmim a partir da cochonilha.

CARMIM
Tintura extraída dos cactus mexicanos, ou também da cochonilha-do-carmim. É compatível com todos os pigmentos. Colorante forte e cobertura fraca. Muito bom para transparências. Não deve ser misturado com outros pigmentos na palheta. Sua mistura só dá resultados quando obtida através de efeito ótico de justaposição ou vizinhança com outra cor na obra. Derivado da antraquinona. Relativamente duro. Mistura-se mal na encáustica a frio.

SINQUÁSIA
Pigmento industrial caro, vermelho violáceo corrigido pela adição do amarelo-vermelho sólido, utilizado na indústria automobilística. Suportam 180 •C por 12 minutos. Instável no meio alcalino (básico), tal qual as emulsões, encáustica e cal. Extremamente sólido à luz.
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