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Intoxicação por mercúrio

Além da atividade do chapeleiro, existem cerca de noventa atividades profissionais expostas ao contato com o mercúrio, líquido inodoro e de coloração prateada, entre elas, as indústrias de cloro-soda, de equipamentos eletrônicos, a confecção de termômetros, lâmpadas fluorescentes e de néon.
A cada vez mais ampla utilização do mercúrio em finalidades industriais e o emprego de compostos de mercúrio durante décadas na agricultura, criaram um aumento da contaminação ambiental, em especial na água e nos alimentos.
A capacidade de permanência do Mercúrio no meio ambiente é uma agrava a contaminação. A biotransformação por bactérias do mercúrio inorgânico a metilmercúrio é responsável pelos elevados níveis deste metal no ambiente.

O mercúrio e seus compostos são encontrados na produção de cloro e soda cáustica (eletrólise), em equipamentos elétricos e eletrônicos (baterias, retificadores, relés, interruptores etc.), aparelhos de controle (termômetros, barômetros, esfigmomanômetros – instrumento que mede a pressão sanguínea), nos laboratórios químicos e de fotografias, corantes e tintas (pigmentos), amálgamas para obturações odontológicas, fungicidas (confecção da polpa do papel e conservantes de madeiras, plásticos, etc.), metalurgia, lâmpadas de mercúrio, laboratórios químicos, preparações farmacêuticas (cosméticos e perfumes), em alguns antissépticos, detonadores, óleos lubrificantes e catalisadores.

Sua aplicação é conhecida também na extração e garimpo de ouro e prata, na indústria de jóias, nas refinarias de petróleo, usina nuclear, na conservação de peles de animais, em alguns produtos para conservação de sementes, inseticidas, fungicidas, e herbicidas aplicados na agricultura.

É empregado em alguns medicamentos, na prateação de espelhos, produção de acetaldeído, desinfetantes e explosivos. Além dos artistas, portanto, muitos outros profissionais correm o risco de intoxicação aguda ou crônica, ocasionada por este metal líquido, que se volatiliza facilmente, mesmo à temperatura ambiente, dispersando-se e contaminando, assim, a atmosfera do local de trabalho. Quando aquecido, transforma-se em um gás incolor e inodoro, podendo evaporar-se até oito vezes mais quando aquecido entre 20 º C e 50 º C.

A intoxicação por mercúrio é frequentemente constatada por especialistas em Medicina ocupacional, dando origem a sequelas e óbitos. Algumas doenças ocasionadas por este metal são diagnosticadas erroneamente, quando o profissional da saúde não conhece o histórico ocupacional do paciente, que pode conter exposição ao mercúrio por inalação, absorção cutânea e por via digestiva.

Na intoxicação por inalação, que ocorre em cerca de 80 % dos casos, sabe-se que cerca de 80 % do mercúrio inalado fica retido no organismo, depositando-se em órgãos como o rim, fígado, testículos, tireóide, membranas do trato intestinal, glândulas salivares, medula óssea e baço; atravessando a barreira hemato-encefálica e alojando-se no sistema nervoso central, Em grávidas, atravessa a placenta e atinge o embrião. A inalação de gases de mercúrio pode gerar letargia, excitação, tremores nas extremidades, convulsões, febre, taquipneia, dor no peito e vários outros sintomas.

A eliminação do mercúrio é feita através da urina, das fezes, da saliva, do suor e da respiração. A permanência desse metal no corpo humano pode durar, em média, sessenta dias, porém a permanência no sistema nervosos central pode ultrapassar o período de um ano, e não existem provas de que ele seja totalmente eliminado do organismo, após este período.
Em 1960, em Minamata (Japão) uma indústria que usava metilmercúrio despejou seus resíduos na Baía, contaminando a sua água e seus peixes, causando a morte de sessenta e cinco pessoas, e o nascimento de crianças com distúrbios genético e neurológicos graves.

Em Cubatão (SP) Brasil, vários casos de má formação dos fetos foram encontrados, na década de 80, em função da poluição industrial e ambiente.

Os compostos mercúricos apresentam uma ampla variedade de cores. Nos processos de extração, o mercúrio é liberado no ambiente principalmente a partir do sulfeto de mercúrio. O trato respiratório é a via mais importante de introdução do mercúrio. Esse metal demonstra afinidade por tecidos como células da pele, cabelo, glândulas sudoríparas, glândulas salivares, tireoide, trato gastrointestinal, fígado, pulmões, pâncreas, rins, testículos, próstata e cérebro.

A exposição a elevadas concentrações desse metal pode provocar febre, calafrios, dispneia e cefaleia, durante algumas horas. Sintomas adicionais envolvem diarreia, cãibras abdominais e diminuição da visão. Casos severos progridem para edema pulmonar, dispneia (dificuldade de respirar, caracterizada por respiração rápida e curta) e cianose (coloração azul-violeta da pele e das mucosas associada à dificuldade de oxigenação do sangue). As complicações incluem enfisema, pneumomediastino e morte; raramente ocorre falência renal aguda.

Pode ser destacado também o envolvimento da cavidade oral (gengivite, salivação e estomatite), tremor e alterações psicológicas. A síndrome é caracterizada pelo eretismo (insônia, perda de apetite, perda da memória, timidez excessiva, instabilidade emocional). Além desses sintomas, pode ocorrer disfunção renal.

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