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Solventes

TEREBINTINA
A Terebintina, resina extraída do terebinto (Pistácia terebinthus) e de outras coníferas, possui propriedades voláteis, e ao ser inalada longa e repetidamente pode causar lesões nas vias aéreas superiores, que podem até ocasionar sangramento.

Já em 1829, Paillot de Montabert cita que “alguns indivíduos não suportam os odores dos vernizes e aglutinantes que são fabricados com terebintina, e devem renunciar à pintura a óleo, por causa da irritação nervosa que esta pintura lhes proporciona. De fato, a inalação de seus vapores pode provocar dores de cabeça, fraqueza (anemia), vertigens, náuseas e incapacidade para o trabalho.

Em alta concentração pode provocar irritação das mucosas e dos brônquios, inflamações renais e do sistema urinário (dá à urina um odor de violeta).

Em contato com a pele, pode irritá-la, tornando-a avermelhada. Pode desencadear alergias, eritemas e eczemas, em contato cutâneo, e até ocasionar tumores benignos, em caso de contato prolongado com a pele.

Quando ingerida, pode causar transtornos neurológicos e comportamentais graves, como os que ocorreram com Van Gogh, que segundo especulou Dr. Carnow (este médico diz que Van Gogh tomava um coquetel feito com absinto, onde adicionava uma porção de essência de terebintina).
As essências de terebintinas mais tóxicas são aquelas contendo ∆-3-careno ou limoneno, segundo François Perego.

Em cada país existem leis que protegem a saúde dos artistas, legislando sobre os materiais que podem ser comercializados e distribuídos para os profissionais. Entidades de apoio aos artistas tentam colaborar para a proteção da saúde dos profissionais, alertando-os sobre suas atividades e riscos.

 

Algumas considerações devem ser feitas, quando nos questionamos sobre como o manuseio dos materiais artísticos pode nos levar a desenvolver doenças.

Fatores como a exposição a um único material ou a vários materiais são relevantes, assim como o grau de exposição aos mesmos. O tempo e a freqüência de exposição, a quantidade de material, devem ser levados em conta, assim como a suscetibilidade pessoal, pois esta difere entre indivíduos.

Portanto, se você utilizar terebintina para limpar uma cerâmica durante 10 minutos por semana, sua exposição (dose de toxicidade) será menor do que se empregar o mesmo material durante horas, vários dias por semana. Devemos levar em conta que o corpo pode desintoxicar-se, se mantido longe dos materiais tóxicos por algum tempo.

Por experiência própria, aprendí que para limpar cerâmicas, é muito mais conveniênte e saudável utilizar o álcool. Após o trabalhar por 2 meses pintando grandes painéis, nos quais limpei cerâmicas e aglutinantes com terebintina, apesar de estar em um grande espaço, com aeração, sofrí de sangramento no céu da boca e garganta. De fato, este solvente tem a capacidade de irritar fortemente as vias aéreas superiores, e por isto deve ser empregado com precauções.

Quando um artista prepara uma mostra ou exposição de arte, amplia seu tempo de trabalho, diminuindo o período de desintoxicação, ou seja, o período que se mantém longe dos materiais artísticos. Quando o artista aumenta sua jornada de trabalho, diminuindo os períodos de descanso longe do ateliê, amplia o risco de intoxicação. Como muitos artistas tem ateliês em sua própria casa, expõem os membros de sua própria família aos riscos de sua profissão, sobretudo à inalação das poeiras dos pigmentos e materiais, além do tempo em que manipula seus materiais.

Fica portanto o conselho: mantenha um ateliê distante de sua casa, para evitar o convívio prolongado com os materiais.

Em alguns casos, a exposição a um determinado produto químico pode ser prolongado e cumulativo, por ter diversas fontes. Este é o caso da inalação do monóxido de carbono, que está presente na poluição do ar, escapamentos dos carros, espaços mal ventilados, fumaças de fundições e sopro de vidros, queima de peças em fornos, aquecedores e fumaça de cigarros.

O cloreto de metileno contido em alguns solventes é metabolizado no corpo humano, associando-se com o monóxido de carbono. O monóxido de carbono liga-se com a hemoglobina, no corpo, formando a carboxiemoglobina, uma combinação dificilmente dissociável, que impede que o oxigênio necessário para a sobrevivência das células irrigue os tecidos, afetando sobretudo o cérebro e o coração. Se você é fumante, e trabalha com solventes e efetua queimas de peças no forno de seu ateliê, está mais exposto ao monóxido de carbono do que outro profissional. Esta exposição é cumulativa e aditiva, porém o nível de concentração decai após horas longe da fonte de exposição.

A toxidez, que é a capacidade que um produto tem de fazer estragos no corpo humano, deve ser analisada. Alguns produtos apresentam maior toxidez do que outros. Uma dose muito menor de cianeto é muito mais tóxica do que uma maior dose de aspirina, pois estes produtos possuem graus de toxidez diferentes.
O álcool etílico é monos tóxico do que o tolueno. Desta forma, a inalação de uma menor quantidade de tolueno pode torna-lo enfermo. Uma inalação de uma quantidade maior de álcool ocasiona resultados menos tóxicos.

Alguns produtos químicos são eliminados diretamente pelo corpo, ou após serem metabolizados pelo fígado. Enquanto estes produtos estão presentes no corpo, podem se acumular, quando a exposição à fonte de intoxicação é repetida. Alguns metais como o chumbo, mercúrio, cádmio manganês e arsênico se acumulam, pois o corpo só consegue eliminar uma determinada quantidade por dia. Se você absorver mais do que pode excretar, estes metais vão começar a se acumular em seu corpo., causando uma carga de material tóxico.

Um fator de complicação é o fato de que seu corpo pode estar sendo exposto a diversos ingredientes tóxicos, que podem afetar o mesmo órgão. Estas múltiplas agressões podem causar efeitos aditivos, onde a soma de prejuízos ocorridos em um determinado órgão do corpo é decorrente de exposições a diferentes produtos químicos, durante o manuseio de materiais e procedimentos no ateliê.

O manuseio de terebintina e thinner, por um pintor a óleo pode ocasionar mais irritações de pele, causando dermatites decorrentes da soma dos dois solventes.

Em toxicologia, o chamado “efeito sinergético” dos materiais é algo ainda mais preocupante, pois a adição combinada de dois materiais pode proporcionar efeito mais tóxico e prejudicial ao corpo humano do que o emprego de somente um material. Um exemplo típico é o emprego de álcool e alguns remédios. Separadamente, podem causar efeitos graves, se empregados em grandes doses. Combinados, podem ser letais até mesmo em pequenas doses.

Outro exemplo clássico de sinergia é a exposição combinada ao amianto e cigarro. Sabemos que os fumantes têm em torno de 10 vezes mais probabilidades de desenvolver câncer dos pulmões do que não fumantes. Pessoas que trabalham com amianto tem 5 vezes mais risco de desenvolver câncer de pulmão do que trabalhadores que não empregam este material.

Por sinergia, pessoas que fumam e trabalham com amianto tem riscos de 50 a 90 % maior de desenvolver câncer de pulmão do que pessoas que não são expostas a estes produtos tóxicos.

A ingestão de álcool pode causar efeito sinergético com alguns solventes empregados nas pinturas. Portanto, ateliê também não combina com ingestão de álcool. Deixe o aperitivo e o vinho para a refeição do final de semana, quando estiver longe do trabalho.

Algumas pessoas possuem maior suscetibilidade a intoxicações do que outras, por motivos e fatores biológicos, ou por possuírem hábitos, vícios ou ingerirem certos medicamentos. Grandes bebedores de álcool e fumantes estão entre este grupo de risco.

site do artista Atelier Prata - Cel 55 11 99597-0275 - artista@sergioprata.com.br