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Vias de acesso

Crianças e adolescentes correm maiores riscos de intoxicação, por terem metabolismo mais rápido, absorvendo mais rapidamente, atingindo maiores concentrações do que em um adulto. Crianças abaixo de 12 anos não devem ser expostas aos materiais artísticos profissionais, da mesma forma, mulheres grávidas devem passar longe do ateliê, pois o feto é facilmente atingido por vários materiais e químicas.

Algumas pessoas que já apresentam doenças, pessoas com algum grau de invalidez ou deficiência dedicam-se também a atividades artísticas. Não são raras as ocasiões em que programas de atividades artísticas acontecem em hospitais, clínicas e em associações que abrigam deficientes. Algumas situações devem ser evitadas, e precauções devem ser adotadas, entre elas:

- Pessoas que sofrem de epilepsia devem ser mantidas longe de solventes, terebintina e thinners. Todos estes produtos podem afetar o sistema nervoso.

- Pessoas com deficiência mental muitas vezes não conseguem ler as etiquetas dos produtos, portanto devem ser monitoradas por profissionais conscientes, que devem escolher materiais não tóxicos.

- Pessoas com distúrbios emocionais e com propensão para dependência química tem tendência a inalar produtos solventes, e por esta razão devem ser mantidas longe deste tipo de produto.

- Pessoas com hepatite não podem ser expostas a solventes orgânicos, sob risco de afecção do fígado.

- Pessoas sofrendo de asma não devem ser expostas a poeiras, sprays, aspersões, pigmentos em pó e produtos tóxicos, como solventes, amônia e outros.
- Pessoas sofrendo de arritmia cardíaca não devem ser expostas a quaisquer solventes, sob risco de ter sua doença agravada.
- Pessoas que ingerem medicamentos que agem sobre o sistema nervosos central não devem ser expostas a solventes e outros produtos tóxicos, sob risco de efeito sinergético. Medicamentos que afetam o sistema nervoso central, são remédios contra ansiedade, sedativos, medicamentos contra arritmia (quinidina e lidocaína), anticonvulsionantes, antidepressivos, anti histamínicos, anti psicóticos, supressores de tosse, medicamentos hipnóticos, relaxantes musculares (benzodiazepinas, baclofen, dantrolene, orfenadrina, carisoprodol, chlorzoxazona, ciclobenzaprina, methocarbamol), narcóticos (codeína, meperidina, methadona, morfina, propoxipheno, remédios para aliviar dores, sedativos (derivados clorais, clomethiazol, álcool etílico, meprobromato) e tranqüilizantes.

Alguns medicamentos para hipertensão, anticoagulantes, beta-bloqueadores e antibióticos, podem interagir com o álcool isopropílico e metílico. Se você está tomando este tipo de medicamento, questione seu médico e leia muito bem a bula do medicamento, para saber se pode trabalhar com solventes e outros tipos de materiais artísticos.

CONTATO CUTÂNEO
A exposição e intoxicação pelos materiais artísticos pode ocorrer diretamente, por contato cutâneo (com a pele), inalação (acesso aos pulmões) ou por ingestão. Algumas particularidades podem ser estudadas em cada via de acesso.

Apesar de nossa pele ser uma camada de proteção para germes, poeira, água e muitos elementos químicos, não é impermeável. Objetos pontiagudos e lixas podem perfura-la, ampliando a possibilidade de infecções, queimaduras e muitos elementos químicos (ácidos, alcalinos, solventes e alvejantes podem atacar as barreiras de proteção da pele, tornando-nos mais vulneráveis aos produtos químicos tóxicos. Isto permite que alguns produtos cheguem a corrente sanguínea, viajando até outras partes do corpo.

Somando-se a isto, muitos solventes, como terebintina, benzina, fenol, álcool metílico, xyleno, tolueno, éter glicóis, e hidrocarbonetos clorados podem atingir a pele em forma líquida ou de vapor, penetrando-a diretamente, sem necessidade de cortes, arranhados ou outras lesões.

Desta forma, um vitralista que se corta ao destacar um pedaço de vidro, e que logo após pinta com grisalha sem utilizar luvas nitrílicas, pode iniciar um processo de intoxicação por chumbo, diretamente pelo contato da grisalha com a pele.

Além disto, o vitralista deve utilizar máscaras, para evitar a inalação do pó das grisalhas, em especial no momento da maceração e do procedimento da retirada das luzes, quando os pigmentos secos das grisalhas ficam em suspensão no ar.

FORMAS DE INTOXICAÇÃO - VIAS DE ACESSO

INALAÇÃO
A mais comum via de intoxicação por materiais artísticos é a inalação.

Os vapores tóxicos e pigmentos são inalados diretamente pela cavidade nasal e pela garganta, descem pela laringe, traquéia e chegam até os pulmões, pelos brônquios.

Atingem os alvéolos e os capilares dos pulmões, e são levados à corrente sanguínea, afetando outras partes do corpo.

A proteção natural das cavidades nasais e do sistema respiratório (pelos e mucosas) não é capaz de deter todas as partículas.

Os receptores que nos alertam em relação aos odores, habituam-se rapidamente aos cheiros, e passam a não mais nos alertar a partir de uma certa duração de exposição.

Por causa da fadiga olfativa, algumas pessoas que residem em cidades poluídas ou em regiões que apresentam odores, a partir de um certo momento, não mais percebem que estão expostas a estes infortúnios.

O mesmo ocorre em um ateliê. Não podemos portanto, confiar em nossa capacidade olfativa de identificar odores, pois esta decai, a partir de um certo momento. Além disto, muitos odores aparentemente agradáveis podem ser tóxicos.



A tosse é uma maneira que o corpo encontra de expelir os resíduos e poeiras captados pelas mucosas do sistema respiratório. Os pequenos músculos que envolvem os bronquíolos agem quando são estimulados por gases, odores e poeiras irritantes. Este sistema de proteção não é eficiente contra alguns tipos de gases emitidos por solventes, e outros produtos químicos que não apresentam pó, que atingem os pulmões, danificando-os.

Isto torna-se especialmente mais perigoso para os artistas fumantes, pois as minúsculas partículas aspiradas na fumaça tóxica do cigarro carregam diretamente para os pulmões outros elementos tóxicos dos materiais artísticos, como se os do próprio cigarro já não bastassem.



 

INGESTÃO

Sabe-se que o chumbo tem um gosto adocicado, e por esta razão as crianças correm riscos maiores, pelo interesse que este material desperta no paladar. A ingestão de materiais artísticos é mais rara mas também ocorre, principalmente para aqueles artistas desavisados, que tem o costume de afilar as pontas de seus pincéis com os próprios lábios.

No Japão, os pintores de um ateliê de pintura de kimonos apresentaram um tipo especial de câncer da bexiga. Investigando o procedimento de pintura empregado por estes artistas, constataram que eles tinham o hábito de apontar seus pincéis em suas bocas.
Existem outros exemplos de intoxicação por ingestão. Aqueles que tem o hábito de comer ou beber no ateliê correm este risco. As poeiras e vapores podem se depositar em cima dos alimentos e bebidas, e resíduos das mãos podem ser facilmente levados a boca. O ato de fumar pode levar resíduos tóxicos da mão do artista até a parte do cigarro que toca a boca.

Um gosto metálico pode ser percebido imediatamente em alguns casos, atestando o contato com o elemento tóxico. Mãos mal lavadas e utensílios domésticos podem transmitir o envenenamento químico para a boca. O fato de engolir o muco contendo poeiras tóxicas também é uma maneira de levar os elementos tóxicos até o estômago.

Quando ingerimos elementos químicos corrosivos, podemos ter efeitos nocivos nos lábios, garganta, esôfago e estômago. Induzir o vômito não é aconselhado, pois aumenta o risco de avarias no esôfago e garganta. Os materiais tóxicos que chegam ao estômago têm maior chance de afetar primeiramente o fígado, visto que o sangue do estômago e intestino passam por ele antes de chegar aos outros órgãos do corpo.

site do artista Atelier Prata - Cel 55 11 99597-0275 - artista@sergioprata.com.br