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Sobre a Toxicologia Ocupacional

Por Antonio Nunes Barbosa Filho*

“Onde há matéria, há químicos…”, na forma líquida, nos sólidos, nos pós, nos gases…

            E, infelizmente, a interação de alguns destes com um dado organismo humano ou junto aos demais seres vivos, podem causar-lhes efeitos nocivos. Estes podem estar presentes nos mais diversos meios, como nos alimentos, nos cosméticos e em diversos outros materiais de nosso cotidiano, como nos pigmentos e solventes que formam as tintas de um pintor, assim como nos materiais de limpeza que utilizar, sejam ácidos, alcoóis ou em um simples sabão.

            A toxicidade é a medida da capacidade de uma substância de causar danos aos organismos vivos. Em outras palavras, é a propriedade que esta substância tem de causar danos às estruturas biológicas, alterando suas funções, por meio de interações físico-químicas, que, em certas condições de exposição, poderão causar até mesmo à morte daquele. Então, é preciso dedicar esforços para compreendermos as questões envolvidas nas diversas possibilidades de interações com químicos em nosso cotidiano, inclusive no campo profissional.

            A toxicologia é a ciência que se dedica a conhecer o modo pelo qual um agente tóxico exerce atividade sobre os organismos, ou seja, sua ação tóxica; como penetra nestes (por via respiratória, pelo contato com a pele e mucosas, por via digestiva etc.), com que velocidade circula pelo corpo, sobre que estruturas atua, que quantidades provocam efeitos deletérios, como o corpo reage à presença destes, o quanto consegue e como consegue lidar com um químico, bem como, como estabelecer os melhores indicadores para avaliar a intensidade de sua presença (pelo sangue, nas excreções, nos pelos…) e, por fim, mecanismos de prevenção e de antagonização ou de tratamento de seus efeitos, conforme o caso.

            Quando este conjunto de conhecimentos é aplicado no tocante às interações surgidas no ambiente produtivo, em decorrência dos processos ou materiais empregados em um determinado labor ou profissão, nos referimos ao campo específico da toxicologia ocupacional.

            Quando lidamos com um químico, em qualquer esfera profissional, o primeiro passo para a definição de suas características e dos requisitos a serem observados no trato com este, temos que “individualizá-lo”. Ou seja, diferenciá-lo de todas as demais substâncias, por mais parecidas ou aparentemente similares que possam ser. E, para tanto, é fundamental conhecermos a sua composição química, os elementos que o compõem e em que proporções.

            Neste intuito é fundamental termos em mãos a “Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos”, ou simplesmente, FISPQ. Em inglês, esta é conhecida como “Material Safety Data Sheet (MSDS) ou “Product Safety Data Sheet (PSDS)”; em espanhol, “Hoja de seguridad (HS)” e, em francês, “Fiche de données de sécurité (FDS)” ou “Fiche de sécurité chimique (FSC)”.
É por intermédio destas que os fabricantes e seus representantes, na condição de fornecedores dos produtos químicos ao mercado consumidor, colocam à nossa disposição informações as mais diversas para o trato ou uso seguro e orientações para ação no caso de acidentes de consumo.

            Por intermédio da FISPQ nos teremos acesso a informações, tais como:

1. Quanto à identificação do produto:

a) Nome comercial, químico e popular;
b) Família química;
c) Número ONU – para transporte e emergência de produtos perigosos;
d) Composição química; e
e) Propriedades físico-químicas.

2. A gestão dos riscos associados:

a) Riscos iminentes e cuidados especiais;
b) Limites de tolerância e doses letais;
c) Toxicocinética e toxicodinâmica;
d) Meios de proteção requeridos;
e) Ações de primeiros socorros e informações a serem prestadas aos socorristas;
f) Recomendações quanto ao combate a incêndios, ao armazenamento e ao transporte; e
g) Potenciais impactos ambientais;
h) Recomendações adicionais.

            E com o auxílio das informações prestadas por este documento será possível respondermos várias perguntas a respeito deste químico, dentre as quais podemos destacar:

  • Como penetra no organismo e quão rápido circula?
  • É potencialmente tóxico? Para pessoas e meio ambiente?
  • Ataca que órgão(s)? Existe quantidade segura?
  • Como prevenir intoxicações? Como adquirir? E como armazenar?
  • Como diferenciar este químico de todos demais?
  • Acidente de consumo, o quê fazer? Derramou, vazou, incendiou?
  • Primeiros socorros? O quê fazer, como proceder?
  • Fracionei, retirei da embalagem original e agora?
  • E para descartar os resíduos? Para onde destinar, logística reversa?
  • Como saber se estou saudável? Por que meios e com que frequência avaliar a saúde?
  • Mais e mais...

 

 

* Engenheiro Mecânico e de Segurança do Trabalho, professor do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Autor dos livros: Segurança do Trabalho e Gestão Ambiental  (5a ed.), Segurança do Trabalho na Agropecuária e na Agroindústria, Segurança do Trabalho na Construção Civil, Saúde e Segurança Ocupacional em Arqueologia, Projeto e desenvolvimento de Produtos, Introdução à Engenharia de Incêndios, Qualidade de Vida no Trabalho para pessoas com deficiência e Insalubridade e Periculosidade – manual de iniciação pericial. Atualmente dedica-se ao estudo dos riscos ocupacionais e da Saúde e Segurança do Trabalho nas Artes e nas atividades de Restauro (ou Restauração).

Para contatos:profnunesufpe@gmail.com

 

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